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É com grande prazer que venho através deste blog relatar informações sobre o Lazer e a Recreação;




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terça-feira, 31 de maio de 2011

Lazer, trabalho e qualidade de vida

O significado de lazer como o inverso das obrigações de diferentes naturezas, principalmente das obrigações do trabalho, vem predominando em nosso contexto. Freqüentemente, entende-se o lazer como tempo de "não-trabalho", tempo "livre" ou "desocupado"; tempo dedicado à diversão, à recuperação de energias, à fuga das tensões e ao esquecimento dos problemas que permeiam a nossa vida cotidiana.

Constituindo um momento propício para gozar a vida, difunde-se a idéia de que o lazer é capaz de proporcionar tudo aquilo de que somos privados não somente no trabalho, mas em todas as dimensões de nosso viver: o prazer, a liberdade, a alegria, a autonomia, a criatividade e a realização. Contudo, o lazer fracassa juntamente com as nossas insatisfações, pois não representa um fato isolado da dinâmica social mais ampla, refletindo as contradições e as múltiplas formas de alienação e de marginalização presentes em nosso meio.

Nesse sentido, para compreender porque o lazer vem sendo concebido como um tempo oposto ao trabalho, capaz de resolver ou atenuar as mazelas da sociedade, é essencial analisar o seu processo de constituição histórica no mundo ocidental, sempre concebido em função de determinados interesses hegemônicos.

A qualidade de vida almejada pelo lazer em seu sentido social, histórico, cultural e político assume, pois, os princípios da qualidade sociocultural, elemento chave na batalha por condições dignas para todos. Assim, o lazer se torna um espaço para a luta contra a exploração e alienação dos sujeitos, procurando desenvolver a consciência reflexiva calcada não somente na realidade concreta, mas também na possibilidade de atuar sobre ela em busca de saídas.

Para tanto, é preciso desenvolver uma educação para (e pelo) lazer que abrace o seu papel multicultural, valorizando o afetivo, a solidariedade e a inter-subjetividade, considerando, ainda, a diversidade cultural e a democratização social na construção de uma educação para todos que enfatize a igualdade mas não elimine as diferenças. Assim, é preciso alargar espaços para os sonhos, para os desafios e para os riscos que suas realizações impõem. E é justamente o repartir da alegria nesse processo que colabora com a formação de sujeitos lúdicos e com o compromisso do lazer com a promoção da qualidade de vida. 

BIBLIOGRAFIA


ARENDT, Hannah. A condição humana. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.
ARISTÓTELES. A política. Rio de Janeiro: Ediouro, [ s.d.] .
ARROYO, Miguel Gonzáles. Revendo os vínculos entre trabalho e educação; elementos materiais da formação humana. In: SILVA, Tomás Tadeu da (Org.). Trabalho, educação e prática social. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. p. 163 - 216.
CHAUÍ, Marilena de Souza. Primeira filosofia: lições introdutórias. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1986.
FRIEDMANN, Georges. O trabalho em migalhas. São Paulo: Perspectiva, 1983.
IBRAHIM, Hilmi. Feudal societies: learning from the past. Journal of physical educacion, recreation and dance/Leisure today, Washington/USA, v. 60, n. 4, p. 40-41, apr., 1989.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Lazer e Educação. Campinas. Papirus, 1987.
SOUSA, Eustáquia Salvadora de. Meninos, à marcha! Meninas, à sombra!; história do ensino da Educação Física em Belo Horizonte – 1897-1994. Campinas: Faculdade de Educação da UNICAMP, 1994. (Tese de Doutoramento).
TOURAINE, Allain. Crítica da Modernidade. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
WERNECK, Christianne Luce Gomes. O uso do corpo pelo jogo de poder na Educação Física. Belo Horizonte: Escola de Educação Física da UFMG, 1995. (Dissertação de Mestrado).
YOSHIOKA, Carlton, SIMPSON, Steve. The aristotelian view of leisure; Athens, Sparta and Rome. Journal of physical educacion, recreation and dance/Leisure today, Washington/USA, v. 60, n. 4, p. 36-39, apr., 1989

Lazer, turismo e mercado de trabalho

O lazer torna-se alienante e evasivo quando assume um papel mercadológico através do turismo. É importante enfatizar que esse processo ocorre tendo em vista a massificante oferta de produtos de lazer cujas motivações de consumo estão desvinculadas da livre vontade e busca de satisfação, estando relacionadas a estratégias de marketing, de manipulação e à busca de status.

Ao discutir lazer, turismo e mercado de trabalho, devemos inicialmente estabelecer as relações entre os temas para compreender, posteriormente, a complexidade e a interdependência dessas relações. É de conhecimento geral que o lazer é uma das facetas do turismo, podendo ser considerado, inclusive, como uma das suas áreas de atuação. Da mesma forma, o turismo pode ser encarado como uma das representações do lazer, ou seja, pode ser visto como uma forma de lazer.

A partir dessa relação, Lazer e Turismo podem desempenhar diversos papéis dentro do quadro social, sendo relevante destacar que a determinação desses papéis está relacionada a diversos fatores como, por exemplo, a forma como são encarados esses conceitos. O lazer pode ser considerado um fator de desenvolvimento cultural e social que proporciona ao indivíduo satisfação, atuando em diversos mecanismos físicos e psíquicos. Além disso, o lazer é um fator de integração social, ou seja, proporciona ao indivíduo convívio e relacionamento com os demais.
 
No entanto, o lazer torna-se alienante e evasivo quando assume um papel mercadológico através do turismo. É importante enfatizar que esse processo ocorre tendo em vista a massificante oferta de produtos de lazer cujas motivações de consumo estão desvinculadas da livre vontade e busca de satisfação, estando relacionadas a estratégias de marketing, de manipulação e à busca de status.
Além disso, é fundamental ressaltar que, nesse caso, o lazer torna-se fator de desintegração social, pois ao invés de promover o convívio, promove a segregação social. Nesse caso, o lazer passa a restringir-se a um determinado público que tem condições financeiras de consumi-lo. O ideal é que o lazer e o turismo, ou mesmo o lazer turístico, estejam ao alcance de toda a população proporcionando satisfação, bem-estar e integração social em nível coletivo.

Em relação ao mercado de trabalho para o profissional de turismo ou para o profissional de outras áreas que atua no setor de lazer, é interessante aludir ao grande crescimento da área e das oportunidades de atuação. É possível atuar em diversas áreas assim como são diversas as oportunidades de atuação que vão desde a área empresarial, passando por iniciativas relacionadas à produção cultural, serviços sociais, marketing, chegando às atividades artísticas e à área de educação física.

No entanto, o profissional ligado ao lazer enfrenta alguns problemas que impedem um maior crescimento do mercado de trabalho. Alguns desses problemas seriam facilmente solucionados a partir de uma reflexão acerca das atividades de lazer e da formação profissional daqueles que atuam na área. Podemos apontar como um dos problemas enfrentados por esses profissionais, a falta de reconhecimento profissional e de regulamentação específica que contemple jornada de trabalho, formas de atuação e salário. Além disso, enfrentam o preconceito das pessoas que tem em mente tratar-se de uma profissão fácil e que pode ser desempenhada por qualquer um, desde que seja carismático e criativo. 

É fato que a atuação na área de lazer sugere a interdisciplinaridade, ou seja, pede a formação de uma equipe em que estejam envolvidos profissionais de diversas áreas.  É interessante aludir à grande exigência do mercado de trabalho, pois esses profissionais devem possuir, além de uma formação geral e conhecimentos específicos, aptidão em diversas e distintas áreas de atuação e funções, pois ao mesmo tempo em que o profissional deve estar apto a desenvolver atividades de recreação, deve estar apto a ser administrador das mesmas, por exemplo.
 
Conclui-se, portanto, que ao discutir lazer, turismo e mercado de trabalho, nos deparamos com um emaranhado contexto em que esses elementos relacionam-se de diversas formas. Essas relações são bastante complexas e relativas, sendo necessário apelar não só para os fatos, mas também para a consciência humana, pois são inúmeros os desafios enfrentados pelos profissionais atuantes nessa área. É importante considerar que existem muitos obstáculos a serem contornados, como as inúmeras distorções motivacionais relacionadas ao lazer, provocadas pela busca de status e prestígio social, bem como suas conseqüências, a exclusão e desintegração social.

Referências Bibliográficas:
 
ANDRADE, José Vicente. Lazer: Princípios, tipos e formas na vida e no trabalho. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
BENI, Mario Carlos. Análise estrutural do turismo. 6 ed. São Paulo: Senac, 2001.
BRUHNS, Heloisa Turini (Org.). Introdução aos Estudos do Lazer. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 1997.
FRANÇA, Junia Lessa. Manual para normatização de publicações técnico - cientificas. 6ª ed. Belo Horizonte: UFMG, 2003.
MARCELLINO, Nelson Carvalho. Estudos do Lazer: Uma Introdução. 3 ed. Campinas-SP: Autores Associados, 2002.
MARCELLINO, Nelson Carvalho (Org.). Lazer: Formação e Atuação Profissional. 4 ed. Campinas-SP: Papirus, 2001.