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quarta-feira, 11 de maio de 2011

Imaginação e recriação do brinquedo


O brinquedo industrializado é uma mercadoria criada para formar nas crianças modos de agir e de pensar correspondentes aos da ideologia dominante.

Ao contrario do que se da com os adultos, as crianças não procuram no brinquedo uma forma de evasão. Desejam, sim, explorar e conhecer melhor o real, criando-o ou recriando-o, à  sua maneira. Assim, o uso e o sentido que atribui ao brinquedo nem sempre é aquilo que as aparências sugerem; nem sempre é obvio, com geralmente ocorre quando adultos estão brincando.

No brinquedo, o modo de pensar e agir da criança freqüentemente se opõe ao modo de agir e pensar do adulto. Isso acontece quando as crianças, por exemplo, “encostam” brinquedos mais caros e sofisticados e se apegam a outros bem simples, aos quais o mundo adulto não dá valor algum. Nesses, porem, encontram uma matéria fértil para sua fabulação.

O exercício da fantasia é, para criança, uma possibilidade de liberação para que seus desejos se manifestem e realizem. Ela se torna ainda mais importante na medida em que permite às crianças expressar simbolicamente tudo aquilo que foi reprimido através de um processo fluente, natural e sem culpa.

Aos poucos, porem, à medida que as crianças vão crescendo e que a sociedade procura moldá-las à sua imagem (arida, adulta, e limitada), muito se perde da sensibilidade e da riqueza expressiva.

Os brinquedos se revelam extremamente importantes nesse processo, já que permitem um espaço em que as crianças podem resistir a essa tentativa de mutilação social dos sentidos. (Paulo de Salles Oliveira)

O brinquedo e a criatividade

Há varias possibilidades de entendimento da criatividade. Existem explicações que valorizam a pessoa que cria; outras enfatizem o processo criador;

A primeira delas é aquela que define a criatividade como um dom. Sendo a criatividade uma dádiva de nascença, ela é restrita a determinadas pessoas.

Uma segunda forma de interpretação da criatividade coloca-se no extremo oposto da perspectiva anterior. Assumindo uma postura de caráter liberal, nega que a criatividade seja uma qualidade intrínseca de uns poucos bem-dotados.

É um posicionamento que pode ser depreendido em situações nas quais, por exemplo, um professor de atividades artísticas procura comportar-se como um “colega de classe” de seus alunos. Sua proposta básica se resume em solicitar aos alunos que “façam o brinquedo que bem quiserem” porque “o professor não deve impor nada”.

Sob a aparência de liberdade, reina de fato a ilusão quando um pai, por exemplo, ainda que movido por boas intenções, presenteia seus filhos com brinquedos eletrônicos para que, assim, eles possam exercer sua criatividade, ajustando-a aos novos tempos da informática, acaba reforçando essa ilusão.

A posse do objeto-brinquedo vem minimizar o mal-estar ou o “atraso cultural” causando pelo não-conhecimento. Do mesmo modo, o professor ao ”dar liberdade” e “abolir imposições” acaba rejeitando a figura do mestre soberano, dono do saber, mas também abdica de sua atuação educativa, que não é feita de imposições, mas tampouco de concessões absurdas (o que é dar liberdade?).

A terceira perspectiva questiona as outras duas e propõe outro encaminhamento. A criatividade nem é dom de um determinado número de privilégios bem-nascidos nem tampouco é prática que necessariamente ocorre quando se “dá liberdade”. A criatividade supõe trabalho. (Paulo de Salles Oliveira)